Vive-se hoje um tempo em que a educação e a cultura parecem estar muito em baixa. A educação, embora com aportes públicos obrigatórios, mostra sua fragilidade a cada vez que um de seus profissionais é desrespeitado. A cultura tornou-se quase que desnecessária, parece estar no fundo do poço. Há trabalhos que são importantes de se manter e a cultura não é um deles. Grande engano! A cultura define um povo, define as tradições deste povo. Mais do que aquilo que cada pessoa parece ser, a cultura define quem ela realmente é.

Na arte, isso tudo se reflete de forma ainda mais visceral, pois, não raro, manifestações depreciativas como: “Arte não faz falta para ninguém.” ou “Ninguém depende de arte para viver.”, são publicadas e compartilhadas nas redes sociais, com a sofisticação típica de quem sequer consegue perceber que há arte até no equipamento que maneja.

Estas mazelas afloram-se, na prática, quando mesmo disponibilizando uma coleção inteira, por exemplo, um autodidata é surpreendido por encomendas alheias a tudo o que já apresentou. A despeito disso, Paulo Gobo faz suas as palavras de Renato Russo quando canta: “Ora, se você quiser se divertir, invente suas próprias canções.”

E, ainda que quisesse apropriar-se indevidamente das “canções” de outrem, ao produzir a série

Éden

Paulo não conseguiria, pois além de não ser invenção sua, trata-se de uma tentativa de representação, em óleos sobre telas, do jardim que Ele criou.

Neste caso, o artista diverte-se ao substituir os pincéis pelas espátulas nos óleos inspirados, porque aplicados à realidade educacional, cultural e artística em que está inserido, no primeiro livro das Sagradas Escrituras.

Se, no princípio a terra era disforme e vazia, milhares de anos depois, como seriam os jardins nela existentes? Que espécies ainda resistiriam à educação, à cultura e à arte dos semelhantes d’Ele que nela habitam? Qual seria o “fruto” proibido e por quem seria comido? Continuariam “Abéis” sendo mortos por seus irmãos?