Há cinco anos o SESC Ijuí exibiu a primeira parte da série Pessoas Trabalhando, em óleos sobre tela, do artista visual ijuiense Paulo Gobo. Agora chegou o momento de apresentar a segunda e última parte desta série que já tem 13 exposições e mais de 18 mil Km rodados em viagens pelos estados do sul do país.
A segunda e última parte da exposição Pessoas Trabalhando acontece de 25 de abril até 31 de maio de 2023, no Sistema Fecomércio RS/SESC Ijuí, sito à rua Crisanto Leite, 202. E, às 19 horas do dia 28 de abril, realizadores, imprensa e apreciadores da arte terão o Encontro com o Artista, no local da exposição, momento de confraternização em que também será exibido um curta metragem de oito minutos sobre a temática proposta.
Ter uma de suas obras tombada na Câmara dos Deputados é, para Paulo Gobo, a expressão do reconhecimento de um trabalho que, infelizmente, nem todo mundo considera. Muita gente ainda vive sob a égide do velho e hostil conceito de trabalho para o qual somente quem atua sob o sol e/ou dispende enorme esforço físico, “suando muito a camiseta” e cumprindo horário sem remuneração condizente é que trabalha e, o que é pior, faz apologias à ela.
Esta forma retrógrada de perceber e valorar o trabalho e a distribuição do trabalho no mundo do trabalho faz eco ao senso comum em detrimento do bom senso, pois implica desconsiderar, hostilizando até, o trabalho, a trabalhadora e o trabalhador que não a contemple.
Sabendo isso e pensando nisso, o artista produz a série "Pessoas Trabalhando" em óleo sobre tela, no afã de ponderar sobre estas questões do trabalho, sem, no entanto, furtar-se o dever de com ela problematizá-las ainda mais, afinal, todo trabalho é digno e, quem quer que o exerça também o faz com o intuito de pagar contas, contribuições, impostos, quitar possíveis dívidas e realizar sonhos.
Assim, Paulo opta por representar algumas dessas figuras humanas em ação, na forma palito, que julga condizente com a visão do senso comum que o provoca, arriscando ainda uma homenagem a todas as pessoas que trabalham, informal ou formalmente, invisível ou reconhecidamente, a qualquer tempo, situação de vida ou condição de temperatura e pressão.
Nesta homenagem, em que pese o ensaio filosófico de Albert Camus/1941 sobre o mito de Sísifo, o artista resgata uma versão da história que conhecera antes e busca representar, na gestante subindo a montanha com uma grande pedra nas costas - o “Sísifo” de sua interpretação - não apenas o “operário de hoje” com seus raros momentos de consciência sobre o absurdo de sua punição de carregar uma pedra montanha acima, mas toda e qualquer pessoa que trabalha.